O Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico em debate nas eleições ao governo maranhense
- Maria Fernanda
- 14 de out. de 2022
- 4 min de leitura
O Novo Marco Legal do Saneamento Básico, Lei 14.026, foi aprovado e sancionado pelo Congresso Nacional em 15 de julho de 2022, com o objetivo, principalmente, de promover o aumento de novas formas de financiamento e universalização na distribuição de água e esgoto no Brasil

UPAON AÇU- Nessa corrida eleitoral, citar o Novo Marco Regulatório do Saneamento Básico se tornou recorrente nos discursos dos candidatos nacionais. Porém como está sendo abordada a situação do saneamento básico no Maranhão. E tu maroquer está por dentro do que é essa nova lei de “nome comprido” e quais os impactos dela no teu dia a dia?! O Novo Marco Legal do Saneamento Básico, Lei 14.026, foi aprovado e sancionado pelo Congresso Nacional em 15 de julho de 2022, com o objetivo, principalmente, de promover o aumento de novas formas de financiamento e universalização na distribuição de água e esgoto no Brasil. Buscando alcançar até 2033 a meta de 99% dos domicílios com abastecimento de água e 90% com acesso a saneamento básico.
Compreende-se que o saneamento básico é um assunto de interesse de todos que buscam o bem viver coletivo, tendo em vista que se articula com valores fundamentais do nosso país que estão presentes na Constituição Federal (CF), de 1988, como os direitos à saúde, à vida e à dignidade da pessoa humana. Sendo assim, é inaceitável que milhões de brasileiros vivam em condições tão precárias que não permitam nem mesmo o acesso ao abastecimento de água ou à coleta de esgoto, como afirmam dados do Instituto Trata Brasil. No Maranhão, somente cerca de 13% da população tem acesso à coleta e ao tratamento de esgoto. Enquanto, 54,50% não têm abastecimento de água encanada.
Polêmica sobre o marco do saneamento
Bastante controversa, a aprovação da lei dividiu opiniões entre os congressistas numa votação em que a oposição - formada, majoritariamente, por partidos de esquerda - foi derrotada com um placar de 65 a 13. A nova lei que regula o saneamento básico no Brasil, além de outras atribuições, também estimula a privatização de empresas estatais de saneamento, uma vez prevê que haja a competição entre empresas privadas e empresas públicas através de licitação. Os senadores contrários a essa proposta afirmam que, de acordo com a CF, as instâncias municipais e regionais possuem autonomia para garantir o desenvolvimento do saneamento básico local, assim como essa atividade deve ser um serviço público e não uma forma de ganho econômico.

Como o novo marco do saneamento pode impactar na vida dos maranhenses?
No ponto de vista do professor de Direito da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Marco Cruz, essas alterações presentes na Lei 14.026/2020 que visam a privatização podem afetar, sobretudo, a vida dos mais pobres que não têm condições de arcar com o valor exigido pelas empresas privadas. Como explica, ao afirmar que com a composição atual do Congresso Nacional, desde a eleição de 2018, em que houve a eleição de um congresso mais reacionário, tivemos a aprovação de várias leis em que o mercado passa a regular a elaboração dessas normas jurídicas. Sendo assim, o Direito ao Saneamento Básico é um direito fundamental, que engloba o esgotamento sanitário, a distribuição de água e o tratamento de lixo sólido. Porém essas esferas não são relativas apenas ao saneamento básico, mas também questões de saúde pública. Acredita-se que a aprovação do Marco do Saneamento como está, prestigiou a esfera privada, e essa não deveria ser a intenção quando se pretende universalizar o saneamento básico.

Em seguida, Marco Cruz sustenta que “o que se espera daquele que assumirá o poder executivo do Maranhão, partindo do que a nova Lei permite– seja por parceria público privada ou por atribuições da CAEMA– é que realize um grande debate em nível estadual para que dê condições de saneamento à São Luís, por sua situação geográfica, e aos demais municípios. Para que com o crescimento dos municípios os esgotos não sejam despejados nos rios, e os rios ao desaguarem na baía ludovicense tragam toda essa poluição para as praias maranhenses.”
O que dizem os planos de governo dos candidatos ao governo do Maranhão sobre saneamento básico
É importante ressaltar que nenhum dos candidatos cita diretamente o Novo Marco Legal do Saneamento Básico, mas fazem menções a atribuições previstas na lei como gestão de resíduos sólidos, universalização do abastecimento de água, esgotamento sanitário e manejo de bacias hidrográficas.

Macro-Saneamento quase ignorado
Por fim, como podemos observar, as pretensões acerca do saneamento básico nos programas dos nove candidatos ao governo do Maranhão são bastante distintas entre si. Enquanto alguns defendem a maior participação do Estado, os outros são assertivos quanto à importância da privatização dos serviços de saneamento. Porém, o que é comum a todos é a negligência ao Novo Marco Legal do Saneamento Básico, por mais que alguma determinações da lei estejam presentes nas propostas. Esse regimento tão importante não é mencionado diretamente.
Além disso, faltam, à maioria, dos programas de governo explicações sobre o que será feito, como será feito e quem fará as ações neste eixo. Entende-se que o saneamento básico é uma temática fundamental na condução do nosso estado, pois, de acordo com dados do IBGE, dos 27 estados no ranking nacional de saneamento básico, o Maranhão ocupa o 25º lugar. Sendo assim, essa é, sem dúvida, uma área prioritária que deve ser mais aprofundada no planejamento dos candidatos ao governo.


















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